segunda-feira, 27 de junho de 2011

Do lado de lá do Guaíba

O Museu da UFRGS abriga desde o final do ano passado a exposição Bom Fim: um bairro, muitas histórias. Exposição já visitada pela equipe do Nossa Comunidade tem História. Além das fotos que ilustram a pluralidade cultural e étnica que forjou a história do bairro portoalegrense, porém, a direção do projeto passou a organizar mesas redondas com habitantes de diferentes setores do bairro, uma forma de dialogar com as fotos, os cartazes, os textos, os vídeos expostos no museu.

Na próxima quarta-feira, 29, por exemplo, ocorre o evento "Histórias de Terras Distantes: etnias no Bom Fim", a partir das 19h, no Mezanino do Museu da UFRGS.

Para maiores informações, acesse o site da exposição clicando aqui.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Pergunte ao Pó




Pó de Parede é foto amarelada que se assopra com força pra clarear da poeira e se vê aquelas roupas já arcaicas com polainas arcaicas e franjas arcaicas e cores vibrantes que se costumava usar no final dos 80 limiar dos 90. Pó de parede é diário de adolescente cuja natureza autobiográfica resolve recair em esquizofrenia e transformá-lo em ficção da mais alta categoria, filho adotivo de Clarice Lispector, sobrinho torto de Altair Martins. Pó de parede é inventário definitivo sem querer ser definitivo sobre como se misturar poesia e prosa, como fazer música com letras, como dialogar com Cortázar sem recorrer a mediunidades.

Pó de Parede é o livro de estréia de Carol Bensimon, jovem escritora portoalegrense que ainda não completou 30 anos e já figurou na lista dos principais prêmios do país. Houvera outra medida que quantificasse as penas mais qualificadas sem recorrer à redução das competições, a pena dela também lá estaria. Pó de parede é um inventário do amadurecer sem o ranço afetado que normalmente assombra textos sobre adolescentes ou jovens adultos. Há no texto de Carol, isso sim, uma casquinha poética que se desprende das paredes dos três contos que integram a obra, uma casquinha que se desprende aos poucos, e alcança o chão sem pressa, sábia da queda, tombando junto das ilusões de cada uma das três personagens.

Pó de parede reconstrói a memória sem deixar de ser ficção. Pó de parede pega a metáfora e a reinventa, encharcada com a melancolia de quem é ainda muito jovem para senti-la, mas resolve envelhecer na cabeça antes que no corpo. Pó de Parede é foto amarelada que se assopra para clarear e que dá vontade de enquadrar porque vê-la todos os dias é como comungar um pouco mais com a poesia, um pouco mais com a vida. E se Pó de parede é uma bela fotografia, Carol comprova ser uma das mais promissoras fotografas de nosso tempo.