PROJARI

Uma semente que frutificou

O PROJARI (Projeto Artesanato, Recreação e Informática) é uma iniciativa semeada na segunda metade da década de 1980 pela Irmã Nilva Dal Bello, em colaboração com as Irmãs Ângela Maria Ribas e Laura Gavazzoni. O projeto foi implantado e é mantido no bairro Bom Fim, em Guaíba, pela Associação Educacional São José, entidade de Porto Alegre. A iniciativa conta com a parceria do Rotary Club de Guaíba e das empresas Viação Alegria, Melita, Thyssen Krupp, Banco de Alimentos, Mesa Brasil, além da Prefeitura Municipal e da Igreja Católica – no apoio e na cedência de espaços.

O Projeto reúne um conjunto de atividades de caráter sócio educativo, artístico, informativo, cultural, profissionalizante e de lazer sob a forma de cursos e oficinas. Essa pluralidade oferece alternativas de vivência e desenvolvimento das potencialidades a crianças, adolescentes, jovens e adultos de várias etnias (brancos, negros, mulatos e índios). O objetivo é estimulá-los a serem protagonistas de sua própria história, para a construção de uma cultura embasada na paz e na solidariedade.

Para valorizar a região onde é sediado, o PROJARI permite o ingresso de membros dos municípios de Eldorado do Sul e Guaíba – este último num trabalho que abrange 18 bairros. No atendimento, crianças (a partir dos 2 anos de idade), adolescentes e jovens de ambos os sexos, variadas etnias e religiões têm prioridade. Contudo, há também oficinas direcionadas ao público adulto e aos portadores de deficiência e necessidades educativas especiais – reforçando o caráter inclusivo do processo social.

Desde sua criação o PROJARI já contribuiu para o crescimento e o enriquecimento de saberes, qualificação, auto-estima, convivência e inclusão social, além de oferecer condições para ingresso no mercado de trabalho, vislumbrando possibilidades de geração de renda.

Outro objetivo do Projeto, além da oferta de atividades, é incentivar, estimular e valorizar o trabalho voluntário. Esta é a razão pela qual, atualmente, cerca de 70 voluntários estão engajados no PROJARI. A equipe conta, ainda, com dez funcionários contratados pela Associação Educacional São José, dois contratados pela iniciativa privada e um cedido pela Secretaria Municipal de Educação.

A comunidade onde o PROJARI está inserido (Bom Fim e arredores, Santa Rita e Ermo) pertence, em sua maioria, a uma população de baixa a baixíssima renda, com inúmeras famílias cujo rendimento mensal não chega a um salário mínimo. Há também núcleos familiares que não possuem rendimento e vivem de ajuda governamental (Bolsa Família), assistencial ou de auxílio filantrópico. O desemprego e as atividades informais têm presença significativa na região. Há ainda outro aspecto relevante a ser considerado: a grande maioria das famílias não tem onde deixar seus filhos enquanto trabalham, expondo-os às influencias do consumo e ao tráfico de drogas - atividade marcante nos bairros trabalhados.

Os motivos que levaram à implantação do Projeto versam, essencialmente, sobre a situação sócio-econômica desses bairros e a exposição sistemática a situações de risco à vida de seus moradores. O PROJARI se justifica na tentativa de engendrar uma formação qualificada a essas crianças, adolescentes e jovens, ocupando o turno inverso à escola, iniciativa que preenche as lacunas que o ócio por vezes aproxima das atividades ilegais.

Tem-se como ponto forte e inovador deste Projeto, o fato de que os participantes em idade escolar, freqüentem a escola em um turno e, no contra turno, escolham uma ou mais oficinas para desenvolver habilidades especificas, fazendo também o acompanhamento destes participantes em seu desempenho escolar, tendo a possibilidade de as Escolas, Conselho Tutelar e outras Instituições, encaminharem mais participantes em qualquer tempo do período letivo.

Desde a sua criação, o PROJARI planta a semente da paz e da solidariedade em vários pontos de Guaíba. Além da sede no Bom Fim Novo, as ramificações do Projeto nas Vilas Nova Guaíba, São Francisco e São Jorge reproduzem algumas das oficinas, em espaços cedidos pela comunidade católica de cada bairro.